Publicado : sábado, 31 de maio de 2014
20:23
Por Unknown
Estupro coletivo e enforcamento de duas adolescentes revolta indianas
A polícia prendeu, neste sábado (31), um terceiro suspeito de ter participado do estupro coletivo e assassinato de duas primas adolescentes, que foram encontradas penduradas em uma árvore no norte da Índia, segundo informações de um oficial do estado. Um caso que provocou indignação nacional.Os três suspeitos detidos no estado de Uttar Pradesh são primos e tem cerca de 20 anos. Eles enfrentam acusações de assassinato e estupro, crimes puníveis com pena de morte, disse o policial N. Malik. Dois outros suspeitos da mesma aldeia estão sendo procurados, disse ele.
Enfrentando crescentes críticas por uma série de estupros, as autoridades de Uttar Pradesh, que tem uma terrível reputação com relação à ilegalidade, também prenderam dois policiais por conspiração no crime ao terem se recusado a buscar pelas adolescentes, quando o pai de uma das vítimas relatou o desaparecimento no início da semana.
A Índia tem uma longa história de tolerância à violência sexual. Mas o estupro coletivo e morte das meninas de 14 e 15 anos de idade causou indignação em todo o país. O pai de uma das vítimas, Sohan Lal, exigiu uma investigação federal.
"Eu não espero justiça do governo do estado, cujos policiais são suspeitos", disse Lal, um pobre lavrador, que se recusou a aceitar um pagamento de 500 mil rúpias (8500 dólares) oferecido pelo governo do estado como ajuda financeira. Ele disse aos jornalistas, no sábado, que não aceitaria nenhuma assistência financeira até que o Departamento Central de Investigação, o FBI da Índia, assuma o caso.
Tais pagamentos do governo são comuns na Índia, quando as famílias pobres enfrentam calamidades de alto teor, e a recusa de Lal é vista como uma atitude incomum - especialmente para um homem que vive em situação de extrema pobreza.
O caso estimulou dezenas de membros da All India Democratic Women's Association a protestarem nas ruas de Nova Deli, capital da Índia, exigindo a prisão imediata dos dois suspeitos fugitivos e justiça para as vítimas. "Basta. As mulheres não irão tolerar mais tais atrocidades", os manifestantes gritavam, pedindo que as autoridades estaduais levem a sério os crimes contra mulheres.
O ministro-chefe de Uttar Pradesh, Akhilesh Yadav, zombou dos jornalistas ao ser questionado sobre o crescente número de casos deste tipo de crime.
"Você não vai enfrentar qualquer perigo, vai?" ele disse em Lucknow, a capital do estado. "Então por que está preocupado? O que significa isso para você?"
Ashish Gupta, um inspetor-geral do estado de polícia, disse aos jornalistas que 10 estupros são relatados todos os dias em Uttar Pradesh, que tem 200 milhões de pessoas e é o estado mais populoso da Índia. Gupta disse ainda que 60% destes crimes acontecem quando as mulheres vão para os campos, porque suas casas não têm banheiros.
As meninas do último incidente foram atacadas na pequena aldeia de Katra, que fica cerca de 300 quilômetros (180 milhas) de Lucknow. Eles desapareceram na noite de terça depois de entrar nos campos perto de sua casa para se aliviar.
As estatísticas oficiais mostram que cerca de 25 mil estupros são cometidos todos os anos na Índia, uma nação de 1,2 bilhão de pessoas. Ativistas, porém, dizem que esse número é apenas uma pequena percentagem do número real, uma vez que as vítimas são muitas vezes pressionadas pela família ou pela polícia a ficarem quietas.
As autoridades indianas, que durante décadas fizeram pouco com relação à violência sexual, têm enfrentado crescente indignação pública desde dezembro de 2012, quando uma mulher foi estuprada e assassinada em um ônibus de Nova Deli, um ataque que provocou indignação nacional.
Os protestos em todo o país levaram o governo federal a apressar a aprovação de uma legislação que dobra a pena de prisão dos violadores para 20 anos e criminaliza o voyeurismo, a perseguição e o tráfico de mulheres. Ela também considera crime a recusa de oficiais em abrir investigação em casos de reclamação.
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