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Publicado : segunda-feira, 3 de agosto de 2015
21:04
Por Unknown

Região de Campinas tem maior déficit comercial do semestre em SP

Setor de cargas do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas  (Foto: Frederico Andrade/Brasil Viracopos)

As indústrias da região de Campinas (SP) registraram o maior déficit da balança comercial do estado de São Paulo no primeiro semestre de 2015. O valor registrado alcançou US$ 3,4 bilhões. A informação é do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon), órgão ligado às indústrias. O segundo pior foi da regional São Paulo [capital e cidades vizinhas] com US$ 2,6 bilhões. A crise brasileira e o desempenho ruim da economia chinesa são apontadas como principais causas, segundo especialistas ouvidos pelo G1.

Mas o que também preocupa o setor é a redução na chamada corrente comercial no entorno de Campinas [soma exportações e importações] de US$ 7,1 bilhões nos primeiros seis meses de 2014 para US$ 6,3 bilhões neste ano. A redução foi 11%, de acordo com o órgão ligado à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e ao Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
"O motivo é que todas as nossas exportações são de produtos industrializados de alto valor agregado e que envolvem tecnologia. Nós não temos aqui [região de Campinas] exportação de commodities [produtos que não sofrem processos de alterações, muitas vezes matéria-prima], como no resto do estado. O que nós temos aqui são  indústrias de alta tecnologia e isso [crise] nos atinge frontalmente. A falta de competitividade da economia brasileira deixou os nossos produtos sem concorrência com asiáticos, europeus e americanos", lamenta o diretor regional do Ciesp Campinas, José Nunes Filho.
No balanço do semestre nas 19 cidades que formam a regional Campinas do Ciesp, as importações fecharam em US$ 4,9 bilhões, a segunda maior do estado, mas com queda de 10,9% frente ao mesmo período de 2014. Os destaques ficaram para máquinas, aparelhos e materiais elétricos e dos aparelhos e instrumentos mecânicos.

Em relação às vendas para fora do Brasil no semestre, a região ocupa a quinta posição do estado com US$ 24,9 bilhões, queda de 12% se comparado com 2014. Os destaques na região são reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos e suas partes entre outros.

Campinas responde por 33,5% das vendas ao exterior entre os 19 municípios da diretoria do Ciesp. Também é o principal importador com 32,6% da pauta de compras dos estrangeiros.

Para Fabrício Pessato Ferreira, professor de Economia e Finanças de Graduação e Pós-Graduação da Metrocamp, a crise na indústria regional é reflexo dos problemas internos da economia e política somada a uma redução do poderio econômico chinês. Na semana passada, a bolsa de Xangai despencou mais de 8%.


Queda em Campinas
“Lá fora a coisa está feia. A demanda externa está encolhendo. E vendo os dados para Campinas, os seis principais destinos de exportação estão comprando menos, mas a China é onde está pegando mais, porque teve uma redução  de 70%[importação]”, observa o economista em relação a dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MIDC).
O gigante asiático fechou o primeiro semestre de 2014 comprando US$ 60 milhões das indústrias campineiras. Mas nestes 180 primeiros dias de 2015, o montante caiu para cerca de US$ 20 milhões, segundo o MIDC.

Outro fator que explica a crise é a redução das exportações de bens industrializados pelas empresas do município. Em 2000, eram US$ 700 milhões. Seis anos depois chegou ao ápice com US$ 1,3 bilhão. Mas no ano passado o valor registrado foi de US$ 940 milhões, ainda segundo dados do MIDC. Uma retração de 31,9%.

As causas para o atual cenário nos últimos 15 anos passa, segundo o especialista, por dois fatores. O setor sofreu perdas com o câmbio sobrevalorizado nos anos de 2006 e 2007, que gerou a queda na industrialização no primeiro momento. E na sequência, sentiu ainda a crise internacional de 2008.
“A crise internacional começou a derrubar as exportações de industrializados. E hoje a crise na China é séria. Estou fazendo um pouco de alarde porque a China pode causar um terremoto nas finanças se a bolsa de lá continuar a cair”, alerta o professor de Economia.

Mas o cenário na indústria da cidade não é apenas de quedas. Dados do Ministério apontam que em relação aos produtos básicos [grãos, petróleo e minério de ferro] nos últimos 15 anos o valor das exportações subiram de US$ 20 milhões para US$ 160 milhões.

E os empregos? 
Quando o cenário é de notícias ruins na economia, a taxa de desemprego tende a aumentar. No primeiro semestre na região de Campinas do Ciesp, 31,6% das indústrias demitiram. Em uma metalúrgica fixada em Campinas e especializada em peças para o setor aeronáutico de óleo e gás, a redução foi de 30% do quadro geral de empregos. Para este segundo semestre, 30,6% das indústrias planejam demissões.
O bloco regional ligado ao Ciesp tem 500 empresas associadas, sendo 58 multinacionais e 442 nacionais.O faturamento conjunto destas unidades gira em torno de R$ 37,18 bilhões ao ano. Ao todo, elas empregam 91,1mil pessoas. Os municípios associados são: Campinas, Águas de Lindóia, Amparo, Artur Nogueira, Conchal, Estiva Gerbi, Holambra, Hortolândia, Itapira, Jaguariúna, Lindóia, Mogi Guaçu, Mogi Mirim, Paulínia, Pedreira, Santo Antonio de Posse, Serra Negra, Sumaré, Valinhos.

Melhora na economia?


Tanto o economista como o diretor regional do Ciesp disseram que para a situação melhorar é necessário que o Brasil vença a crise política e econômica.Para o economista, o governo federal perdeu o controle político e a rejeição no mercado é grande.

 
"Se continuar assim, só vai melhorar em 2018", avalia Pessato Ferreira, da Metrocamp. Já o diretor regional do Ciesp aponta que o governo federal precisa cortar custos e não aumentar impostos. "Este governo não faz reajuste fiscal, está fazendo é um arrocho fiscal. O governo precisa fazer economia e não cortar investimentos para a população e aumentar o preço da energia e do combustível", finaliza o dirigente industrial José  Nunes Filho.
 
No dia 31 de julho o Banco Central divulgou que as contas de todo o setor público [governo, estado, municípios e empresas estatais] em junho foi o pior resultado desde 2001, quando a série histórica teve início. No sexto mês do ano foi registrado um déficit primário [receitas menos despesas, sem os juros] de R$ 9,3 bilhões. O pior resultado para os meses de junho havia sido em 2014, quando o déficit foi de R$ 2, 1 bilhões.

Dilma pede ajuda

Em reunião no Palácio da Alvorada no final de julho, a presidente Dilma Rousseff pediu apoio dos governadores para enfrentar a crise financeira . "O primeiro passo para esse ciclo [de expansão] é justamente garantir o controle da inflação, porque a inflação corrói tanto a renda dos trabalhadores como o lucro das empresas. E promover o reequilíbrio fiscal, a estabilidade fiscal. (...) Essa redução da inflação vai criar as bases para um novo ciclo de expansão sustentável do crédito", discursou a presidente aos líderes dos estados.

Dilma também pediu aos governadores apoio para impedir que projetos em trâmite no Congresso possam criar mais gastos do governo federal e atingir também os estados." A estabilidade fiscal do país é muito importante e a estabilidade econômica do país é muito importante. E é uma responsabilidade de todos os poderes da federação. A União tem de arcar com a responsabilidade, liderar esse processo e assumir os seus, todos os seus, todas as suas necessidades e condições. E, ao mesmo tempo, nós consideramos que como algumas medidas afetam os estados e, portanto, afetam o país, os governadores também têm de ter clareza do que está em questão", disse.

Linha de produção de indústria da região de Campinas (Foto: Reprodução EPTV)
Taxa de desemprego tende a aumentar na região de Campinas, SP (Foto: Reprodução EPTV)
 
 
Via G1

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