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Publicado : domingo, 20 de julho de 2014
09:00
Por Unknown

'A água virou luxo', apontam ativistas do Greenpeace sobre crise em São Paulo



Com a frase no cartaz "A água virou luxo", ativistas do Greenpeace protestaram esta semana contra a crise da água em São Paulo, na rua Oscar Freire, no bairro dos Jardins. O movimento critica a aposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de que as chuvas em setembro regularizem a situação dos mananciais e aponta problemas de gestão no sistema da água do estado.

Um tapete vermelho foi estendido na quinta-feira (17) por seis militantes na calçada em frente às lojas de grife da rua mais cara de São Paulo. Um dos manifestantes estava com uma máscara que imita o rosto de Alckmin e oferecia uma jarra dourada com água, pelo preço de R$ 100. "Como a água está com essas crises crescentes em São Paulo, está se tornando um artigo de luxo", comenta Pedro Telles, representante do Greenpeace, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Telles aponta que muitos meteorologistas indicam que não é possível garantir que as chuvas de setembro serão fortes o suficiente para superar a crise. "Isso está longe de solucionar o problema estrutural. A gente está vendo a crise de água cada vez mais complexa. Então, talvez se resolva agora, mas, no ano que vem, volta a ser um problema", argumenta.

As represas que compõem os sistemas Cantareira e Alto Tietê continuam, diariamente, registrando queda no volume de água armazenado, o que configura o pior quadro de crise de abastecimento da história do estado de São Paulo. O Greenpeace considera que é preciso uma profunda reforma da gestão do sistema.

A portaria que renovou a outorga da concessão da administração do Cantareira, em 2004, já indicava que a Sabesp não deveria depender tanto do fornecimento da água do sistema. Entretanto, o governo estadual ignorou esse e outros relatórios que apontavam para a crise e não tomou medidas. Pedro ressalta que a questão não é a falta de chuva, mas, sim, de gestão. "É claro que, quando falta chuva, o problema de gestão se escancara."

De acordo com o ativista, o governo se planeja hoje como fazia há 20 anos e é preciso reformular a gestão com base nos novos ciclos naturais. "Nós já temos a capacidade técnica, científica e de recursos. São Paulo é o estado mais rico do país. Então, tem os recursos para superar esse desafio", considera.

Para Pedro, com a insegurança hídrica cada vez maior em São Paulo, a situação já ameaça serviços essenciais e até mesmo direitos humanos. "Imagina um hospital sem água? Há muita gente pobre que já está sem. É uma questão de direitos humanos", ressalta.

O Greenpeace foi ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo, para entregar uma carta a Alckmin com demandas estratégicas para solucionar e resolver a crise. No entanto, o governador não se manifestou. A carta prioriza o combate ao desperdício, a promoção de eficiência do uso de recursos hídricos, a qualidade da água, a criação de políticas de moradia para evitar a ocupação em regiões próximas a mananciais e o combate à poluição.

Telles pontua que uma solução estrutural é a combinação de proteção às florestas, mata auxiliar, Mata Atlântica e dos mananciais, que são fontes de água, além de uma reforma no sistema de gestão dos recursos hídricos, já que 25% deles são perdidos em distribuição, o que abasteceria 3,7 milhões de pessoas. "Tem que ter uma reforma em todo o sistema. Basicamente, é um sistema muito antigo. Tem carência de manutenção. Precisa ser profundamente reformado", destaca.
Análise

O cientista político e comentarista da RBA, Paulo Vannuchi, apoia a ideia do ato realizado pelo Greenpeace na Oscar Freire. "Surpreende. Com isso, adquire impacto midiático." Para ele, o protesto entra "em choque" com parte da mídia e o governo, que "acobertam a situação da crise."

"O problema da água é um problema muito preocupante. Não é só brincadeira do Greenpeace a história da água que virou luxo", avalia. Além disso, o cientista político também acredita que a aposta do governo no regime de chuva em setembro é insuficiente.

"Já há uma crise de água prevista para o ano que vem, porque qualquer que seja o regime de chuva de setembro, dificilmente, novembro, dezembro, janeiro, vão repor", diz.



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