Publicado : terça-feira, 8 de abril de 2014
22:08
Por Unknown
Oceano descoberto em Enceladus pode suportar vida
Novo estudo relata um grande oceano de água líquida sob a crosta gelada de Enceladus, lua de Saturno. Segundo os cientistas, o oceano recém descoberto pode ser capaz de suportar a vida como a conhecemos.
O oceano de água em Enceladus está a cerca de 10 quilômetros de profundidade e fica debaixo de uma casca de gelo de 30 a 40 km de espessura. Além disso, ele está em contato direto com o fundo do mar rochoso, teoricamente, possibilitando todos os tipos de reações químicas complexas, tais como as que levaram ao surgimento da vida na Terra.
"A principal implicação é que existem ambientes habitáveis no Sistema Solar em lugares que são completamente inesperado", disse o principal autor do estudo Luciano Iess, da Universidade Sapienza em Roma e principal autor do estudo. "Enceladus tem uma temperatura de superfície de cerca de -180°C, mas sob a superfície, há água líquida".
A nova descoberta, publicada no último dia 03 de abril na edição on-line da revista Science, apesar de fantástica, não pegou ninguém de surpresa. Pelo contrário, ela veio para confirmar as suspeitas que muitos pesquisadores tinham desde de 2005, quando a sonda Cassini da NASA detectou pela primeira vez gelo e vapor d'água sendo expulsos através de cavidades próximas do pólo sul da lua.
Medindo a gravidade de Enceladus
Ilustração mostra o interior de Enceladus, lua de Saturno, com base
na investigação de gravidade de Cassini.
Créditos: NASA / JPL-Caltech
Luciano e seus colegas mapearam a gravidade de Enceladus ao verificar o puxão que a lua exercia sobre a sonda Cassini em três voos rasantes de 2010 à 2012.
"Durante o voo rasante em Enceladus, a nave espacial tem sua velocidade perturbada por um valor que está ligado às variações no campo gravitacional.", informou o co-autor Sami Asmar, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
Esse sistema de rastreamento ultra-preciso (Deep Space Network) da NASA, pode dizer se Cassini acelerou ou desacelerou durante sua passagem, e esse rastreamento revelou a presença de uma "massa de anomalia negativa" no pólo sul de Enceladus. Em outras palavras, a área abriga menos massa do que seria esperado para um corpo perfeitamente esférico.
Isso faz sentido, porque uma depressão grande marca a superfície do pólo sul, disseram os pesquisadores. Mas a anomalia de massa observada é significativamente menor do que a esperada com base no tamanho da cavidade observada.
Os pesquisadores concluíram então que a massa subterrânea 'extra' responsável pelo efeito tratava-se de um oceano subterrâneo de água líquida, o que é mais denso do que o gelo.
O calor necessário para manter esta água em estado líquido é gerado dentro de Enceladus, e uma grande parte desse calor é efeito das interações gravitacionais entre Enceladus e outras luas de Saturno, como Dione por exemplo. Um estudo de 2011 constatou que a região polar sul de Enceladus produz cerca de 15,8 gigawatts de energia por conta do calor, o equivalente à produção de 20 usinas de energia movidas a carvão.
Uma grande quantidade de água
Cálculos da equipe sugerem que o oceano da lua tem o mesmo tamanho em extensão do que o Lago Superior, o segundo maior lago da Terra, porém, como o oceano de Enceladus é muito mais profundo do que o Lago Superior, a lua gelada de Saturno deve ter uma quantidade muito maior de água.
É provável que o oceano esteja confinado ao hemisfério sul da lua, chegando a meio caminho do equador ou então a partir do pólo, mas mesmo assim, a equipe de estudos não descarta a possibilidade de que ele se estenda a nível mundial, disse o co- autor Dave Stevenson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena.
O mar subterrâneo ainda pode alimentar geyseres em Enceladus, que ejetam compostos orgânicos. Essas ejeções liberam no espaço os blocos de construção da vida como a conhecemos, juntamente com gelo e vapor d'água.
Jatos de vapor de água emitidos no pólo sul de Enceladus.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / Space Science Institute
O novo estudo marca a primeira vez que os cientistas usaram medições de gravidade para descobrir um oceano em um outro mundo. Por exemplo, os pesquisadores constataram a existência de um oceano subterrâneo na lua Europa de Júpiter, porém, essa descoberta ocorreu através de dados do campo magnético, o que indicou a presença de uma camada condutora, provavelmente de água salgada.
Água sobre rocha
As medições de gravidade também sugerem que Enceladus é composta por camadas de diferentes materiais, com um núcleo de rochas de silicato subjacente ao oceano, disseram os pesquisadores. Esta é uma boa notícia para qualquer esperança de que a vida pode ter surgido no satélite gelado de Saturno.
"Quando você tem uma situação como esta, onde o mar está próximo de rochas, há uma maior probabilidade de uma química interessante", disse Stevenson.
O oceano de Europa, lua de Júpiter, também possui características semelhantes, enquanto alguns outros satélites, como a enorme lua de Júpiter Ganimedes parece ter mares subterrâneos que entram em contato somente com gelo acima e abaixo, acrescenta Stevenson.
De fato, as semelhanças entre Europa e Enceladus continuam a crescer. No ano passado, por exemplo, os pesquisadores anunciaram a descoberta de plumas de vapor de água em erupção a partir da região polar sul de Europa. Estamos realmente vivendo em uma época rica no que se diz respeito a descobertas científicas.
Fonte: Space
Imagens: NASA / JPL-Caltech
O oceano de água em Enceladus está a cerca de 10 quilômetros de profundidade e fica debaixo de uma casca de gelo de 30 a 40 km de espessura. Além disso, ele está em contato direto com o fundo do mar rochoso, teoricamente, possibilitando todos os tipos de reações químicas complexas, tais como as que levaram ao surgimento da vida na Terra.
"A principal implicação é que existem ambientes habitáveis no Sistema Solar em lugares que são completamente inesperado", disse o principal autor do estudo Luciano Iess, da Universidade Sapienza em Roma e principal autor do estudo. "Enceladus tem uma temperatura de superfície de cerca de -180°C, mas sob a superfície, há água líquida".
A nova descoberta, publicada no último dia 03 de abril na edição on-line da revista Science, apesar de fantástica, não pegou ninguém de surpresa. Pelo contrário, ela veio para confirmar as suspeitas que muitos pesquisadores tinham desde de 2005, quando a sonda Cassini da NASA detectou pela primeira vez gelo e vapor d'água sendo expulsos através de cavidades próximas do pólo sul da lua.
Medindo a gravidade de Enceladus
Ilustração mostra o interior de Enceladus, lua de Saturno, com base
na investigação de gravidade de Cassini.
Créditos: NASA / JPL-Caltech
Luciano e seus colegas mapearam a gravidade de Enceladus ao verificar o puxão que a lua exercia sobre a sonda Cassini em três voos rasantes de 2010 à 2012.
"Durante o voo rasante em Enceladus, a nave espacial tem sua velocidade perturbada por um valor que está ligado às variações no campo gravitacional.", informou o co-autor Sami Asmar, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA.
Esse sistema de rastreamento ultra-preciso (Deep Space Network) da NASA, pode dizer se Cassini acelerou ou desacelerou durante sua passagem, e esse rastreamento revelou a presença de uma "massa de anomalia negativa" no pólo sul de Enceladus. Em outras palavras, a área abriga menos massa do que seria esperado para um corpo perfeitamente esférico.
Isso faz sentido, porque uma depressão grande marca a superfície do pólo sul, disseram os pesquisadores. Mas a anomalia de massa observada é significativamente menor do que a esperada com base no tamanho da cavidade observada.
Os pesquisadores concluíram então que a massa subterrânea 'extra' responsável pelo efeito tratava-se de um oceano subterrâneo de água líquida, o que é mais denso do que o gelo.
O calor necessário para manter esta água em estado líquido é gerado dentro de Enceladus, e uma grande parte desse calor é efeito das interações gravitacionais entre Enceladus e outras luas de Saturno, como Dione por exemplo. Um estudo de 2011 constatou que a região polar sul de Enceladus produz cerca de 15,8 gigawatts de energia por conta do calor, o equivalente à produção de 20 usinas de energia movidas a carvão.
Uma grande quantidade de água
Cálculos da equipe sugerem que o oceano da lua tem o mesmo tamanho em extensão do que o Lago Superior, o segundo maior lago da Terra, porém, como o oceano de Enceladus é muito mais profundo do que o Lago Superior, a lua gelada de Saturno deve ter uma quantidade muito maior de água.
É provável que o oceano esteja confinado ao hemisfério sul da lua, chegando a meio caminho do equador ou então a partir do pólo, mas mesmo assim, a equipe de estudos não descarta a possibilidade de que ele se estenda a nível mundial, disse o co- autor Dave Stevenson, do Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena.
O mar subterrâneo ainda pode alimentar geyseres em Enceladus, que ejetam compostos orgânicos. Essas ejeções liberam no espaço os blocos de construção da vida como a conhecemos, juntamente com gelo e vapor d'água.
Jatos de vapor de água emitidos no pólo sul de Enceladus.
Créditos: NASA / JPL-Caltech / Space Science Institute
O novo estudo marca a primeira vez que os cientistas usaram medições de gravidade para descobrir um oceano em um outro mundo. Por exemplo, os pesquisadores constataram a existência de um oceano subterrâneo na lua Europa de Júpiter, porém, essa descoberta ocorreu através de dados do campo magnético, o que indicou a presença de uma camada condutora, provavelmente de água salgada.
Água sobre rocha
As medições de gravidade também sugerem que Enceladus é composta por camadas de diferentes materiais, com um núcleo de rochas de silicato subjacente ao oceano, disseram os pesquisadores. Esta é uma boa notícia para qualquer esperança de que a vida pode ter surgido no satélite gelado de Saturno.
"Quando você tem uma situação como esta, onde o mar está próximo de rochas, há uma maior probabilidade de uma química interessante", disse Stevenson.
O oceano de Europa, lua de Júpiter, também possui características semelhantes, enquanto alguns outros satélites, como a enorme lua de Júpiter Ganimedes parece ter mares subterrâneos que entram em contato somente com gelo acima e abaixo, acrescenta Stevenson.
De fato, as semelhanças entre Europa e Enceladus continuam a crescer. No ano passado, por exemplo, os pesquisadores anunciaram a descoberta de plumas de vapor de água em erupção a partir da região polar sul de Europa. Estamos realmente vivendo em uma época rica no que se diz respeito a descobertas científicas.
Fonte: Space
Imagens: NASA / JPL-Caltech