Publicado : quarta-feira, 7 de maio de 2014
19:33
Por Unknown
Poupança tem 1ª retirada de recursos em 26 meses em abril
Com o aumento da inflação e da taxa básica de juros da economia, que resultou em menor atratividade da caderneta de poupança, a modalidade de investimentos mais tradicional do país registrou, em abril, a primeira saída líquida de recursos em 26 meses, segundo informações divulgadas nesta quarta-feira (7) pelo Banco Central.
De acordo com a autoridade monetária, as retiradas superaram os depósitos na caderneta de poupança em R$ 1,27 bilhão no mês passado - fenômeno que não acontecia desde fevereiro de 2012, quando as saídas líquidas de recursos somaram R$ 412 milhões.
Também foi o pior mês de abril desde 2011, quando os saques superaram os depósitos em R$ 1,76 bilhão.
Quatro primeiros meses do ano
No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, os números do Banco Central mostram que ainda houve mais depósitos do que retiradas de recursos da poupança.
Neste período,a modalidade de investimentos registrou a captação de R$ 4,12 bilhões. Mesmo assim, houve uma queda no volume captado de 68,7% frente ao mesmo patamar de 2013, quando houve a entrada de R$ 13,19 bilhões na caderneta de poupança.
Depósitos, retiradas e saldo da poupança
Em abril deste ano, de acordo com o BC, os depósitos na caderneta de poupança somaram R$ 122,83 bilhões, ao mesmo tempo em que as retiradas de recursos totalizaram R$ 124,10 bilhões. Já o volume dos rendimentos creditados nas contas dos investidores somou R$ 3,34 bilhões no mês passado.
Por conta do rendimento creditado na conta dos poupadores, o volume total de recursos aplicados na caderneta subiu em abril, apesar dos saques terem superado os depósitos. No fim do mês passado, o saldo da poupança atingiu R$ 614,98 bilhões. No fechamento de 2013, o estoque de recursos na poupança totalizava R$ 597 bilhões e, em março, atingiu a marca dos R$ 612,91 bilhões.
Menor atratividade e inflação alta
Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, os resultados da poupança neste ano estão relacionados com a alta da inflação e, também, com a perda de atratividade da modalidade frente aos fundos de renda fixa.
De acordo com a Anefac), com a alta da taxa Selic para 11% ao ano, efetuada no mês passado pelo Banco Central para tentar conter a inflação, as aplicações em renda fixa, como os fundos de investimento, obtêm mais atratividade e "ganham da poupança na maioria das situações".
Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% (o que acontece desde agosto), é fixo em 6,17% ao ano mais a variação da TR.
Segundo cálculos da Anefac, as cadernetas de poupança vão continuar mais interessantes frente aos fundos de renda fixa quando a taxa de administração cobrada nestas aplicações financeiras forem superiores a 2,5% ao ano.
Além disso, o próprio crescimento da inflação tem dificultado a vida dos brasileiros. "O ambiente de inflação mais alta corrói a renda. As pessoas têm menos dinheiro disponível para poupar. Estão gastando mais com alimentos, por exemplo. Uma parte das pessoas, por ser um ano difícil, está com a renda mais contida. Com o bolso mais apertado", declarou ele.
Fundo de reserva
Especialistas avaliam que, independente do rendimento, a caderneta de poupança ainda é uma boa opção de investimento para pequenos poupadores, para pessoas que buscam aplicações de curto prazo ou que procuram formar um "fundo de reserva" para emergências – uma vez que não há incidência do Imposto de Renda.
Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto, programa do governo de compra de títulos públicos pela internet, há cobrança do IR e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.
Fonte: Com informações do G1